terça-feira, 17 de junho de 2014

Garoto indígena faz protesto durante a cerimônia de abertura da Copa do Mundo




por Piero Locatelli — publicado 13/06/2014 14:26, última modificação 13/06/2014 18:06

Luiz Pires/Comissão Guarani Yvyrupa


Uma criança branca, uma negra e um índio com um cocar entraram juntos na abertura da Copa do Mundo nesta quinta-feira 12. As imagens da televisão mostraram as crianças soltando uma pomba branca minutos antes do início da partida entre Brasil e Croácia. As emissoras omitiram, porém, a imagem do indígena abrindo logo em seguida uma faixa onde estava escrito “demarcação”.

A faixa do jovem de 13 anos lembrava a demora do governo federal para demarcar novas terras indígenas no Brasil. O garoto vive na aldeia Krukutu, na região de Parelheiros, no extremo sul da cidade de São Paulo. No local, os índios moram em situação precária enquanto aguardam a assinatura da demarcação pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que possam ter acesso a uma terra maior. Em uma terra maior, dizem os índios, poderiam retomar seu modo de vida tradicional.

O ato foi pensado há cerca de um mês, quando os organizadores da Copa buscaram os guaranis da cidade para convidá-los a fazer parte da abertura. O convite chegou em meio a uma campanha realizada em todo o Brasil pela demarcação de terras, e os indígenas resolveram aproveitar a oportunidade para mostrarem sua reivindicação.

“Naquele momento, aceitamos o convite e começamos a pensar em fazer alguma coisa na abertura. Nós organizamos que alguém iria entrar com uma faixa escondida, aí falamos para ele: ‘abre a faixa lá e seja o que Deus quiser’ ”, diz Fabio Jekupé, liderança da aldeia indígena.

Fábio conta não ter ficado surpreso com a omissão do ato na televisão. “Eles não querem mostrar isso, querem mostrar só a paz entre os povos para dizer que está tudo bem e está tudo legal, mas a situação aqui não é essa” diz, referindo-se a entrada das três crianças juntas passando uma ideia de paz.

Em meio a uma campanha pela demarcação de terras em todo país, os guaranis dizem que não são contra a Copa. Segundo David Karai, morador da aldeia do Jaraguá em São Paulo, os indígenas não participaram dos atos contra o mundial, mas dizem que o evento foi uma oportunidade para mostrar ao mundo a situação em que vivem. “Os guaranis estão vendo a copa, todos os jogos. Por isso mesmo nós temos que ir pra rua e mostrar que nós estamos vivos, para nós sermos lembrados”.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Divulgação de evento "Encontros sobre Leitura e Escrita em Sociedades Indígenas"


"O evento "Encontros sobre Leitura e Escrita em Sociedades Indígenas" acontecerá em Manaus na sua 10ª Edição, de 21 a 23 de Outubro, conforme http://x-elesi.webnode.com, site que está no ar, organizado pela UFAM/UEA e várias outras entidades de Manaus.

Por ser uma das idealizadoras, consto como palestrante na abertura deste evento. Ele se configura como o único evento de caráter nacional e periódico a discutir a questão da Educação Indígena no país e acontece desde 1995, tendo como resultado 4 livros que são referência na discussão da questão de educação indígena, um deles publicado pela FUNAI: Questões de Educação Escolar Indígena: da formação do professor ao projeto de escola, está disponível na internet em pdf, sendo portanto de domínio público.

Considero que neste momento, mais do que nunca a questão da educação indígena deve ser discutida pelos próprios indígenas: para onde querem conduzir as futuras gerações, que espaço querem ocupar na sociedade brasileira do século XXI.

Juracilda Veiga"

segunda-feira, 2 de junho de 2014

No ar o site Nhandewa : trabalhando com tradução

 

Aconteceu nos dias 28 a 31 de maio de 2014, na Escola da Aldeia Nimuendajú (Avaí, SP) a 5a Oficina do Projeto de Gramática Pedagógica e site Nhandewa. Essas Oficinas fazem parte de uma série de ações voltadas ao fortalecimento da língua indígena. O Projeto é coordenado pelo linguista Wilmar D'Angelis, líder do Grupo de Pesquisa InDIOMAS/Unicamp. Esse grupo de pesquisa (apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, da Unicamp) em pareceria com a FUNAI e a ONG KAMURI estão realizando esse trabalho na aldeia Nimuendaju desde Agosto de 2013. A cada oficina verifica-se o progresso dos professores e dos seus alunos indígenas no domínio da língua Nhandewa.



Essa oficina foi centrada nos problemas de tradução, favorecendo a abordagem constrastiva das gramáticas do Nhandewa e do Português, destacando questões culturais envolvidas na transposição de textos de uma língua para outra, e oportunizando a pesquisa lexical, como forma de ampliação do domínio dos recursos linguísticos próprios da língua ancestral da comunidade indígena.




O prof. Wilmar D’Angelis explicou aos Nhandewa que, ao trabalhar com tradução, devem ter em conta que:
1. As línguas não são organizadas da mesma maneira;
2. As palavras nem sempre se equivalem, de uma língua para outra.
3. É preciso conhecer a cultura na qual o texto foi produzido, e a cultura da língua para a qual o texto será traduzido; entender a questão das expressões idiomáticas de cada língua.
 




Os professores indígenas trabalharam sobre vocabulários específicos sobre Armadilhas e Armas Nhandewa, e sobre Alimentação e seu Preparo.
Parte do aprendizado das crianças está amparado no canto, liderado pelo professor Cledir Alves Marcolino.


Com apoio da Universidade Sagrado Coração –USC Bauru, no sábado foi recolocado no ar o site www.nhandewa.org e alimentado com fotos e textos.