quinta-feira, 19 de março de 2015

I Oficina de Gramática Nhandewa-Guarani do Litoral Paulista

  
Realiza-se, de 17 a 20 de março (2015), na escola da Aldeia Piaçaguera, a I Oficina de Gramática Nhandewa-Guarani do Litoral Paulista.
A oficina integra um conjunto de ações para a revitalização das línguas das etnias do Estado de São Paulo, que vêm sendo desenvolvidas em parceria da KAMURI com a FUNAI e o Grupo de Pesquisa Indiomas (UNICAMP).
   A oficina é coordenada pelo linguista Prof. Wilmar da Rocha D’Angelis, da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), contando com a colaboração de outras três Mestres em Linguística (doutorandas da UNICAMP): Ivana Ivo (que é, também, Presidente da KAMURI), Fabiana Leite e Micheli Schwade.
   O objetivo da Oficina, dentro dos esforços para revitalizar a língua Nhandewa, da etnia Guarani Nhandewa (ou Tupi-Guarani como eles atualmente têm se auto-denominado), é o primeiro passo para se produzir uma gramática pedagógica que sirva como material de apoio ao professor indígena, no ensino da língua indígena às crianças. Nesse sentido, já foram realizadas sete oficinas com os Nhandewa da Aldeia Nimuendajú, no Oeste Paulista. Esse trabalho vem acontecendo na Aldeia Nimuendajú (em Avai, SP) desde Agosto de 2013 e, a pedido da comunidade Indígena de Piaçaguera, através da Professora Catarina Delfina dos Santos, e com apoio da FUNAI, foi estendido às aldeias do Litoral. Proposto para atingir todas as aldeias da região, inicialmente conta com a participação dos professores de Piaçaguera, Bananal e Itaoca Tupi.
   Como praticamente todas as línguas indígenas no Brasil, o dialeto Nhandewa também é considerado em risco de extinção. Nas terras indígenas Nhandewa do litoral paulista apenas os mais velhos são falantes fluentes do idioma. Por essa razão, participam da Oficina as pessoas mais velhas, falantes da língua, que junto com os linguistas e com os professores trabalham na produção de um instrumento de trabalho para os professores, que será a Gramática Pedagógica do Nhandewa.
   Dentre os problemas que contribuíram para dificultar a participação de professores indígenas de algumas das aldeias do Litoral (que acabaram ausentes da I Oficina) está a falta de um apoio decisivo da Secretaria de Educação do Estado, que não garantiu a dispensa dos professores para esta atividade. Segundo a Regional de Educação de Miracatu, para não atrapalhar o calendário de 200 dias letivos.
   A questão da importância de uma educação específica, diferenciada e de qualidade para os povos indígenas ainda não é um conceito assimilado pela SEE de São Paulo, conforme se evidencia por sua postura política. As Diretorias de Ensino têm autonomia para dispensar ou não os professores, mesmo quando se trata de uma atividade fundamental para a qualidade do ensino, que é a formação dos professores indígenas para dar aulas em seu próprio idioma (um campo de formação que a Secretaria nunca foi capaz de contemplar). Registre-se, porém, como exceção, a postura da Diretoria de Ensino de São Vicente, no litoral, que mostrou apoio à iniciativa desde o primeiro convite.
   A Terra Indígena Piaçaguera pertence ao antigo Aldeamento Jesuítico da São João Batista de Peruíbe e foi reconhecida pela FUNAI, como terra indígena de ocupação tradicional do povo Tupi-Guarani, em 2012, com 2.795 hectares. A região é considerada a última área de restinga do litoral sul do Brasil.
Por Wilmar da Rocha D’Angelis em 19/03/2015 - 08:50
Fonte do texto: http://www.kamuri.org.br/kamuri/index.php?q=node/107

Apoio: Fundação Nacional do Índio - Coordenação Regional do Litoral Sudeste. Gerente de Projeto Antropóloga Juracilda Veiga.

Fotos (FUNAI): 

                              


   
  

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