segunda-feira, 16 de março de 2015

Implantação de Sistema Agroflorestal na Terra Indígena Jaraguá

Em 19 de setembro de 2014 ocorreu uma reunião com a participação da comunidade indígena da Terra Indígena Jaraguá, a equipe do Programa Aldeias e FUNAI – Coordenação Regional do Litoral Sudeste e Coordenação Técnica Local de São Paulo, cujo foco foi o projeto de recuperação de uma área degradada nas proximidades das aldeias. Foi decidido que o plantio seria desenvolvido através de técnicas agroflorestais, com o suporte de Gilberto Machel Veiga D’Angelis (Gil), Agente Cultural do Programa Aldeias junto ao também Agente Cultural (Indígena) Éverton de Oliveira dos Santos (Kaú).

A articulação entre as instituições começou em novembro de 2014, mas com o atraso na entrega de maravalha (poda das árvores da cidade para cobertura dos canteiros), a implantação do SAF iniciou-se efetivamente em 05 de janeiro de 2015.

Seguem as informações baseadas no relato de Gil: 
 
Objetivo do Projeto
 “O intuito principal é a recuperação ambiental da área; mas junto a isso, queremos mostrar que é possível obter, como resultado do cuidado com a terra e da recuperação ambiental, uma produção de alimentos saudáveis e em abundância. Além disso, essa primeira experiência de SAF no Jaraguá (e nas aldeias de São Paulo, em geral) pretende servir como modelo ou inspiração para mostrar que, mesmo com pouca terra e em lugares inusitados (como em contextos urbanos) é possível produzir recursos.”
 
Espécies plantadas
“Dentre as muitas espécies plantadas, entre árvores frutíferas, florestais, anuais e hortaliças, estão: mudas de laranjas, ponkãs, fruta-do-conde, araucária, cedro, acerola, pitanga, jaboticaba, ingás, entre outras, totalizando cerca de 20 mudas já grandes, além de aproximadamente 30 mudas de banana e ao menos 36 pés de mandioca; além disso foram plantadas muitas espécies florestais a partir de sementes (muvuca) como: olho-de-cabra, aroeira, cedro, pau-de-balsa, paineira-rosa, orelha-de-macaco, tamarindo, sapucaia, jatobá, goiaba, etc. Há também muito milho guarani (avaxi etei) e 3 variedades de feijão crioulo em meio aos canteiros agroflorestais. E serão ainda plantadas nos canteiros muitas espécies de hortaliças.”
                       
 Próximos Passos
“Para finalizar o trabalho de implantação dessa primeira área, serão plantadas nas próximas semanas as hortaliças e o cercamento vivo com gergelim e feijão guandu. Nos próximos meses faremos o acompanhamento
do SAF, realizando o manejo sempre que necessário assim como o acompanhamento das colheitas.”
                        
Instituições parceiras
Programa Aldeias (Secretaria Municipal de Cultura de SP / Núcleo de Cidadania Cultural em parceria com o CTI - Centro de Trabalho Indigenista): fornecimento de subsídios como ferramentas, mudas e materiais; apoio na ação com o acompanhamento e consultoria técnica de um Agente Cultural do Programa;

FUNAI/Coordenação Regional do Litoral Sudeste - doação de mudas de banana e ramas de mandioca (essenciais para o SAF), adubo, rolo de tela de 50m para cercamento, impedindo a invasão de cachorros, crianças e galinhas, e garantindo a permanência e desenvolvimento do Sistema;

Subprefeitura de Pirituba (órgão da Prefeitura de SP) - doação e entrega de 2 caminhões de maravalha (composto de podas trituradas) para a cobertura dos canteiros e da área em geral, evitando que a terra ficasse exposta e garantindo uma maior regulação hídrica e resiliência do sistema, mesmo em uma época com uma seca tão drástica.

UBS Jaraguá - a Unidade Básica de Saúde da própria aldeia do Jaraguá (na Tekoá Ytu) foi uma grande parceira pois tem diversas figuras com atuação marcante em prol de toda a comunidade, especialmente no que diz respeito à saneamento e recuperação ambiental. Apoio político e pessoal do gerente da unidade, Marcelo e dos agentes indígenas que ali trabalham, destacando-se o Thiago Henrique, jovem que atua também em um projeto pessoal de horta medicinal e resgate de pessoas alcoolistas na comunidade. Apoio de Jacileide Martins, que é responsável pelo pequeno viveiro do Jaraguá, onde ficaram armazenadas as mudas até o plantio.

Agradecemos ao Gil, pela colaboração, e às instituições parceiras neste trabalho com a comunidade da TI Jaraguá.

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