quinta-feira, 14 de maio de 2015

CORLIS prepara a Conferência Nacional de Política Indigenista

    Por Juracilda Veiga


     A 1ª reunião Regional preparatória à Conferência Nacional de Política Indigenista será realizada no dia 12 de maio de 2015, nasede da Coordenação Regional Litoral Sudeste, CORLIS - av. Condessa de Vimieiros, 700 Itanhaém .
     A Comissão Organizadora Regional Sudeste é composta pelos seguintes membros: Cristiano Hutter (Coord. Regional do Litoral Sudeste, FUNAI), Eduardo da Costa Teixeira (Chefe do SEGAT/CORLIS), Tiago Honório Santos, Giselda Pires de Lima (suplente - Aldeia Tenonde Porã - SP), Adolfo Timótio - Rio Silveira, José de Souza (suplente) - Boa Vista, SP; Luiz de Souza Karaí – Tekoa Mirim, TimoteoVera Popyguá - Suplente (Eldorado –SP), Catarina Delfina dos Santos ( Piaçaguera, Peruibe, SP), Guaraci Jorge de Souza -suplente (T.I . Bananal), Júlio Garcia  Bracuí–RJ, Ivanildes Pereira – suplente (Parati-Mirim- RJ),  Edenildo Sebastião(Chicão), Kopenoti, Araribá, SP (representante do Centro Oeste),  Antonisio Lulu (Darã) suplente -Taporanga - SP, Emerson de Oliveira Souza, Guarani, representando os índios urbanos, Aparecida Ana Silva Ramos Oliveira, Pankararu (suplente).
     Esta Comissão vai criar definições para uma agenda de reuniões de 4 etapas locais e uma Estadual. As reuniões locais escolherão os representantes a Conferência Estadual e essa os representantes a Conferência Nacional. 

Seminário Nacional de Formação para a Conferência

     Antecedendo a essa preparação aconteceu em Brasília entre os dias 24 a 26 de Março, o Seminário Nacional de Formação paraa 1ª Conferência Nacional de Política Indigenista com a presença de setenta e cinco lideranças indígenas, representantes governamentais e de organizações indígenas.
     Pela Coordenação Regional Litoral Sudeste participaram deste Seminário  Nacional o Chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial, Eduardo da Costa Teixeira, e os indígenas Tiago Honório Santos – da Aldeia Tenonde Porã (SP) representando os Guarani, Emerson de Oliveira Souza, representando os índios urbanos, Edenilson Sebastião (Chicão) representando a Arpinsudestee os indígenas do interior paulista e,  Marcos Tupã membro do Conselho Nacional de |Política Indigenista e da Comissão Organizadora da Conferência Nacional.
     Eixos temáticos da Conferência:

   1.       Territorialidade e o direito territorial dos povos indígenas.
   2.       Autodeterminação, participação social e o direito a consulta
   3.       Desenvolvimento sustentável de terras e povos indígenas.
   4.       Direitos individuais e coletivos dos povos indígenas
   5.       Diversidade cultural e pluralidade étnica no Brasil.
   6.       Direito à memória e a verdade.

terça-feira, 5 de maio de 2015

5ª Oficina de Revitalização linguística do Kaingang Paulista


      Por Juracilda Veiga
      Antropóloga, gerente do Projeto de Revitalização

                                        
                                                           Valdenice Vaiti, Solange Gonçalves (linguista) Rute da Silva, Edevaldo Cotuí,
                                                            Maria Rita e Lidia,(atrás)Adriano Campos, Franceline Vaiti e Claudia Barbosa, 
                                                             Carlos Roberto Indubrasil, Constantino da Silva, Irineu Cotui, Cacique Kaingang 
                                                              e prof.Wilmar D’Angelis. (fotoJuracildaVeiga).

      Neste mês de abril, de 22 a 24 aconteceu na terra indígena Vanuíre, município de Arco-Íris- SP , 5ª Oficina de Revitalização linguística do Kaingang Paulista. Este projeto da Coordenação Regional Litoral Sudeste da FUNAI, com apoio da Coordenação Geral de Promoção da Cidadania, é executado pelos linguistas da Unicamp, sob a coordenação do Prof. Wilmar da Rocha D’Angelis, grupo INDIOMAS/ IEL/ UNICAMP em parceria da ONG Kamuri.

                                                                                                                        Wilmar D’Angelis (fotoJuracildaVeiga).

     Esta Oficina contou com apoio da Secretaria Estadual de Educação que favoreceu a participação dos professores indígenas e deu apoio no deslocamento da equipe de professores da Unicamp e Kamuri e da Gerente do Projeto, da Funai. Nesta Oficina contamos com a presença, em tempo parcial, dos supervisores da Diretoria de Ensino de Tupã e da Diretoria de Ensino de Penápolis, SP.

     A Oficina dá continuidade a proposta de produção de um Dicionário Escolar do Kaingang Paulista; ao mesmo tempo que reúne os falantes Kaingang das aldeias de Icatu e Vanuire, coletando elementos da língua Kaingang, no contexto da Oficina e, propiciando o treinamento dos professores na língua Kaingang, com a tutoria dos falantes da língua.

                                            Domingos Vaiti e Wilmar D’Angelis (fotoJuracildaVeiga).

                                                          Carlos Roberto Indubrasil e Edevaldo Cotui, dialogo em Kaingang, (fotoJuracildaVeiga).

      Uma experiência degustativa da cultura

                                                                                         José Carlos de Campos assando os peixes e iãmĩ (fotoJuracildaVeiga)
     Buscando recuperar não só a língua, mas a cultura na qual ela se desenvolveu, aconteceu uma pequena festa de iãmĩ pirẽ mbré (pão de milho com peixe). A iniciativa foi do professor indígena Constantino Jorge da Silva. Ele produziu um saco de milho preto nhere thá, e ofereceu uns 3 kg para Jaqueline, filha de dona Ana Maria Anato, produzir um pão de milho para ela. Ela preparou a massa e a pedido, cedeu para a Oficina. A Kamuri doou os peixes e este foi preparado pelo filho de dona Ena, José da Silva, da forma tradicional com folhas de flor do sol, tutó, que adiciona sabor ao peixe, depois enrolado em folhas de bananeira, amarrado com fibra de caraguatá e assado na churrasqueira, que imita o moquém indígena. No borralho da churrasqueira foram assados os iãmĩ enrolados em folha de bananeira.

     A técnica foi ensinada pelas mais velhas Lidia Campos, e Maria Rita.

     Enquanto isso, na cozinha de dona Ena Campos acontecia outra experiência culinária, a feitura do Penfurõ, pirão de farinha grossa do milho preto, sem sal e, o Korem, sopa ou mingau feito a partir de uma farinha fina, ou fubá, do mesmo milho preto. Tradicionalmente deveria ser feita a partir de caldo de peixe, de mamíferos ou de aves. Citaram especialmente o quati the e o jacú, ko’í. Com caldo de peixe ou ave este alimento era destinado à parturiente que o recebia assim que nascia o bebê, sem sal, porque segundo dona Lídia o sal dá cólicas no bebê. Esse caldo servia tanto para que a mãe tivesse muito leite, como para eliminar possíveis restos de placenta e sangue que ainda tivessem ficado no útero da parturiente. Ou como elas dizem: “para limpar tudo”

     Dona Lidia, dona Maria Rita e dona Ena puderam, com isso, relembrar suas comidas antigas e oferecer a todos nós, uma experiência culinária e degustativa das melhores que já vivemos.

                                                                                                                                            Dona Lídia Campos com a linguista Solange Gonçalves, (fotoJuracildaVeiga)

                                                                                      Alunos da 5ª Oficina: da esq. Para direita: Edevaldo Cotuí, Constantino da Silva, Rute da Silva, Juracilda Veiga (antropóloga) Rosemeire Barbosa, Franceline  Gomes Conechu Vaiti, Claudia Barbosa Jorge, Lidia Iaiati Campos, Maria Rita Campos  e seu filho Adriano Cesar Rodrigues Campos (foto Solange Gonçalves).